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A relação do Humor e da Saúde

Foto do escritor: Associação do Bom HumorAssociação do Bom Humor

Atualizado: 22 de jun. de 2020

Em um ambiente hospitalar, todos estão diante da fragilidade causada pelas doenças, apresentando comumente sentimentos de tristeza e solidão, evocando momentos de ansiedade, medo e desespero. Pode ser uma mãe desolada ao perder o bebê no parto, um adolescente desmotivado após amputar um membro decorrente de acidente de moto, um idoso abandonado pela família ao ser diagnosticado com Alzheimer.

Por que o Palhaço?

O palhaço incorpora os fatos recusados ou pouco falados ao momento, favorecendo a possibilidade de lidar com eventos geradores de tensão.

Ele ajuda a lidar com a vulnerabilidade da condição humana, em um ambiente onde se exige a perfeição, com isso favorece a expressão de conflitos e dificuldades. Leva-nos a entrar em contato direto com nossos sentimentos, sem análises. Desse modo, estimula a capacidade de experimentarmos nossas emoções e aceitarmos diferentes possibilidades de reações, expandindo os limites de nossos comportamentos. Sua ação ensina que nada persiste e favorece nossa ligação com o acontecimento presente. Através desta filosofia de ação o palhaço propõe uma ética de encontro (MASETTI, 2013, p. 12).Para ela, essa ética busca estabelecer “[...] uma situação de cumplicidade e confiança nas relações e gera as condições para que se estabeleçam espaços internos de reflexão e aprendizado” (MASETTI, 2013, p. 12). A pesquisadora comenta, ainda, que se deve “Pensar na ética das relações como fonte de aprendizado, onde os afetos e o corpo são lugares importantes de aprendizado” (MASETTI, 2013, p. 12). Masetti considera o trabalho das figuras palhacescas no contexto hospitalar como sempre passível de aprendizado, no sentido de que está atrelado aos encontros humanos no mundo, gerando a partir deles experiências que ultrapassam as fronteiras da realidade. A atuação do palhaço tem resultados importantes também para pais. médicos e enfermeiras. O sorriso. ponto de encontro entre palhaço e demais pessoas, transforma-se em lugar de ação porque resulta em conduta ativa, aumenta a potência do paciente, acompanhantes, profissionais de saúde. As crianças expressam, com frequencia, o desejo de que os Doutores retornem a seus quartos. Essa expectativa está ligada à chance de vivenciar essa potência, descrita por autores como Dilts e simonton. Eles observam que pacientes que mantêm um objetivo de vida apresentam melhores índices de recuperação física. Fundamentalmente, porque isso transforma atitudes passivas em ativas e gera expectativas de realização, fio condutor para a saúde.

A importância da alegria

Muitas crianças lutam para lidar com o ambiente hospitalar. A dor, confusão, perda de controle e separação da família associada a tratamentos médicos podem levar ao estresse traumático pediátrico, que pode ter efeitos a longo prazo na saúde física e mental da criança (Price et al, 2016). Um sofrimento semelhante, como os sintomas depressivos, também são comuns nas unidades de atendimento entre idosos internados, especialmente aqueles com disfunções cognitivas como demência (Linka et al, 2000).

Um palhaço faz toda diferença

A pesquisa relacionada a doutores palhaços é relativamente recente, sendo a primeira vez registrado o impacto disso na saúde em 2005. Nesse estudo pioneiro, Laura Vagnoli e seus colegas descobriram que as crianças que aguardavam anestesia eram significativamente menos ansiosas se passaram 15 minutos com um palhaço​(Vagnoli et al, 2005). Desde então, inúmeras experiências documentaram o impacto positivo das visitas de palhaços a crianças em hospitais (Dionigi, 2018; Sridharan & Sivaramakrishnan, 2016). As crianças visitadas por um palhaço apresentam níveis mais baixos de cortisol em sua saliva, o que indica menor estresse (Saliba et al, 2016); relatam menor dor durante procedimentos invasivos (Ben-Pazi et al, 2017); e é menos provável que precisem de sedação (Viaggiano et al, 2015).

Para o humor não importa a idade

Estudos iniciais mostram que os palhaços também podem beneficiar os adultos (Auerbach et al., 2016), incluindo os pais (Agostini et al., 2014) e a equipe do hospital (Barkmann et al., 2013). A palhaçada dos cuidados de saúde nos lares de idosos parece reduzir sintomas comportamentais e psicológicos moderados a graves de demência, principalmente do tipo Alzheimer, sugerindo que essa abordagem chamada palhaçada dos idosos pode ser uma ferramenta promissora para melhorar o tratamento da demência de Alzheimer (Kontos et al., 2016). Os estudos mostram que os resultados são amplo espectro, ​a palhaçada é benéfica para todas faixa etárias, e também para quem está cuidando ou sendo cuidado na área da saúde.

A mágica do encontro

Pesquisas existentes mostram que o humor e o riso promovem a saúde em vários níveis, sugerindo que, ao manter um estado emocional positivo, o humor pode ajudar a sustentar os mecanismos básicos de saúde e cura de um corpo (McGhee, 2010). O humor pode ser visto como um importante mecanismo de regulação emocional - a emoção positiva da alegria que acompanha o humor substitui sentimentos negativos e experiências de adversidades, permitindo que uma pessoa pense de maneira mais ampla e flexível e se envolva na solução criativa de problemas (Martin, 2007).

Contribuição do: Marcos Coronado Palhaço, biomédico e voluntário no projeto Compartilhando Riso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agostini, F., Monti, F., Neri, E., Dellabartola, S., De Pascalis, L., & Bozicevic, L.  (2014). Parental anxiety and stress before pediatric anesthesia: A pilot  study on the effectiveness of preoperative clown intervention. Journal of  Health Psychology, 19, 587-601.  (​http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1359105313475900​) Auerbach, S., Ruch, W., & Fehling, A. (2016). Positive emotions elicited by  clowns and nurses: An experimental study in a hospital setting.  Translational Issues in Psychological Science (Special Issue: The Psychology  of Humor), 2, 14-24.  (​http://www.zora.uzh.ch/id/eprint/130327/1/257_m_2016_AuerbachRuchFeh ling.pdf​)  Barkmann, C., Siem, A., Wessolowski, N., Schulte-Markwort, M. (2013).  Clowning as a supportive measure in paediatrics – a survey of clowns,  parents and nursing staff. BMC Pediatrics, 13, 166.  (​https://bmcpediatr.biomedcentral.com/articles/10.1186/1471-2431-13-166​) Ben-Pazi, H., Cohen, A., Kroyzer, N., Lotem-Ophir, R., Shvili, Y., Winter, G., et  al. (2017). Clown-care reduces pain in children with cerebral palsy  undergoing recurrent botulinum toxin injections- A quasi-randomized  controlled crossover study. PLoS ONE 12(4):  e0175028.(​https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pon e.0175028​) Dionigi, A. (2018). Healthcare Clowning: Use of Specific Complementary and  Alternative Medicine for Hospitalized Children. OBM Integrative and  Complementary Medicine. 3 (2).  (​https://www.researchgate.net/publication/325511388_Healthcare_Clownin g_Use_of_Specific_Complementary_and_Alternative_Medicine_for_Hospitaliz ed_Children​)  Kontos, P. et al. (2016). Elder-clowning in long-term dementia care: Results  of a pilot study. Journal of the American Geriatric Society, 64, 347-353.  (​https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26889843​) Linka, E., Bartkó, G., Agárdi, T., & Kemény, K. (2000). Dementia and  Depression in Elderly Medical Inpatients. International Psychogeriatrics,  12(1), 67-75.  (​https://www.cambridge.org/core/journals/international-psychogeriatrics/ article/dementia-and-depression-in-elderly-medical-inpatients/4820DB38E6 A27B5BA11ED088F60903A1​)    MASETTI, Morgana. Por uma ética do encontro: a influência da atuação de  palhaços  profissionais na ação dos profissionais de saúde. Indagatio Didactica:  Centro de investigação  em didáctica e tecnologia na formação de formadores, Portugal, Avero, v.  5, n. 2, p.912-925,  jun. 2013.      Martin, R. A. (2007). The psychology of humor: An integrative approach.  Burlington, MA: Elsevier.  (​http://www.sciencedirect.com/science/book/9780123725646​)    McGhee, P. (2010). Humor: The lighter path to resilience and health.  Bloomington, IN: Authorhouse.  (​https://www.goodreads.com/book/show/9097360-humor​)    Price, J., Kassam-Adams, N., Alderfer, M., Christofferson, J., & Kazak, A.  (2016). Systematic Review: A Reevaulation and Update of the Integrative  (Trajectory) Model of Pediatric Medical Traumatic Stress. Journal of  Pediatric Psychology, 41(1), 86–97.  <​https://www.researchgate.net/publication/281363830_Systematic_Review _A_Reevaluation_and_Update_of_the_Integrative_Trajectory_Model_of_Pedia tric_Medical_Traumatic_Stress_Figure_1> Saliba, F., Adiwardana, N., Uehara, E., Silvestre, R., Leite, V., Faleiros, F.,  Padovani, F., & Gobbi, J. (2016). Salivary cortisol levels: the importance of  clown doctors to reduce stress. Pediatric Reports, 8:6188, 12-14.  Sridharan, K., & Sivaramakrishnan,G. (2016). Therapeutic clowns in  paediatrics: a systematic review and meta-analysis of randomized 

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